Um cara sensível, que gosta de mulheres inteligentes e que viu sua vida mudar de ponta a cabeça com o sucesso de seu personagem. Estas são algumas das várias e várias características do nosso grande ator Thiago Rodrigues, o intérprete de Bernardo em Malhação. Apesar do big assédio eufórico das fãs, Thiago é bem modesto. Ele não só não se considera um galã, como também ficou beeeeem surpreso quando descobriu que seria o protagonista da novelinha. "Talvez por uma insegurança minha de achar que não teria capacidade", justifica. Veja o que mais esse ator carioca disse nesta mini entrevista que aconteceu na sala de leitura.
Como pintou a oportunidade de trabalhar em Malhação?
"O primeiro contato que tive com a Globo foi fazendo a Oficina de Atores. Quando acabou, fiz um teste pra fazer o personagem do Marcos Paulo mais jovem, o Miguel Arcanjo, na novela 'Começar De Novo'. Passei no teste, e o que era pra ser só cinco capítulos, acabou virando 40. O Miguel Arcanjo era um personagem que tinha muito a ver com o Bernardo: um cara que briga pelo amor dele, o herói. O Bernardo também tem o arquétipo do herói. Acho que isso de alguma maneira foi um outdoor pro diretor da Malhação me ver e me chamar pra fazer o teste. Mas teste pra Malhação já tinha feito três anos consecutivos. Só que dessa vez rolou e eu não imaginava que fosse pra fazer o protagonista, mas um personagem secundário. Talvez por uma insegurança minha de achar que não teria capacidade. O que é uma besteira, né? Porque o que faz existir um personagem, protagonista ou não, é você saber que dentro de você nasce uma outra pessoa, uma outra personalidade."
O que está achando de trabalhar em Malhação?
"É tudo muito bom. A equipe ajuda, recebe bem a gente que está entrando. A galera que já estava e que continuou na temporada que entrei também me recebeu muito bem. O Guilherme (Berenguer), principalmente. Ele me deu altos toques. Foi um ano de muito aprendizado. Você fica numa prontidão. Às vezes você vem gravar no estúdio 18 cenas. Você sai do estúdio, troca de roupa e volta. Aí já é uma outra situação, outro clima, outra sensação, outra noção, outra realidade... Pra você não embaralhar sua cabeça às vezes, tem que ficar bem concentrado."
Fez muitos amigos?
"Fiz sim. São grandes camaradas, pessoas de quem vou ser amigo pro resto da vida. O Wagner (Santisteban), que faz meu amigo também na novela, a Fernanda (Vasconcellos), o Marco Antônio, de quem eu já era amigo, o Java (Mayan)... São pessoas de quem vou ter sempre lembranças positivas."
O que mudou na sua vida depois que entrou para a Malhação?
"Malhação é uma febre. Ela atinge um público que é afoito, que está no calor dos hormônios. É um público que vê o ídolo da TV na rua e grita: 'Ahhhhhh! Olha ele!'. É muito forte o assédio do público. Confesso que no início não foi fácil. Eu vinha de uma vida totalmente pacata e, de repente, saí na rua e todo mundo: 'É o cara da Malhação!'. Os homens gostam de zoar. Mas isso só quando eles estão em grupo. Quando estão sozinhos é só: 'E aí, cara? Beleza?'. As mulheres pedem pra tirar foto e tal... Mas o mais legal disso, fora a euforia, é aproveitar essa oportunidade de ter essa entrada com os jovens e tentar falar alguma coisa que de alguma maneira seja substancial. Uma foto com o seu ídolo, um autógrafo do seu ídolo, uma identificação com seu ídolo é bacana, mas acho que a TV tem que criar uma referência que realmente faça alguma coisa pela vida deles e não só essa coisa eufórica."
E em que você acha que o seu personagem contribuiu pra isso?
"Acho que com a sensibilidade dele, mostrando que o homem, por exemplo, não precisa ser galinha pra se sentir feliz, não precisa ser marrento, não precisa se mostrar... O Bernardo é um cara simples, apesar de ter uma família rica. E também o fato de ele ser um cara justo e ético. E não só na Malhação, mas em outros programas também se critica essa coisa da nossa realidade política e social. Os jovens não estão tão ligados nisso quanto deveriam estar. O acesso à informação devia ser um pouco mais facilitado."
O que você tem em comum com o Bernardo? E em que vocês são completamente diferentes?
"No início da temporada achava que eu e o Bernardo éramos muito parecidos. Ao longo do ano, fazendo o personagem, comecei a ver que a gente tinha poucas coisas em comum. Mas, dessas poucas coisas, tem umas que são primordiais. Eu e o Bernardo temos muita sensibilidade. Mas a gente tem também uma grande diferença. O Bernardo é criado com pai e avô. Eu fui criado com mãe, avó e irmã. Cresci num universo de mulheres. Ser criado com homens ou com mulheres tem muita diferença. Até mesmo nessa coisa da sensibilidade. O cara que é criado só com homens é mais competitivo. A mulher é mais de cuidar, de observar, tem mais inteligência emocional."
Você se considera bonzinho como o Bernardo?
"Não. O Bernardo é um arquétipo. Ele é muito bonzinho, o que não é ruim. Tenho um bonzinho dentro de mim, mas também tenho um Urubu, um João e uma Natasha dentro de mim. A gente tem tudo dentro da gente. É difícil dizer: 'Eu sou bonzinho'. Sou um ser humano que é bonzinho e que é malzinho em determinados momentos, porque, às vezes, temos que ser."
Como é a repercussão do seu trabalho nas ruas? Você é muito assediado?
"Assediam mais fora do Rio. Aqui é mais morno. Leio bastante as cartas que recebo. Vem muita coisa de pessoas que se identificam com o personagem, que gostam, que apóiam, que dão sugestões... E tem muitas que falam 'Você é lindo!' e tal... Mas tenho espelho em casa. Não sou louco, me conheço, sei como sou e até onde vai essa beleza. Quando me disseram que eu ia fazer o protagonista fiquei chocado: 'Eu?'. Ficava inseguro em relação a isso porque não me considero um cara galã, pra quem as mulheres ficam olhando. Às vezes as pessoas se referem a mim como modelo. E eu nunca ganhei um real como modelo na minha vida. Tudo o que conquistei até hoje foi atuando. Sei que tenho meu poder de sedução particular e que exercito ele na hora em que acho que devo exercer, do meu jeito."
Qual o seu perfil de namorada ideal?
"Gosto de mulher que tenha uma personalidade forte. Só me encantei até hoje por mulheres que têm personalidade muito forte, que são ou oito ou 80. O que não significa que não possa me encantar por uma que seja mais quieta, que não goste de emitir sua opinião. Eu não sou assim, mas minhas relações sempre foram muito intensas: com brigas demais, quando está feliz é feliz demais, é tudo demais. Isso é um desequilíbrio, não é bom, mas é o que a vida me oferece agora. Acho que um dia vou estar mais maduro pra ter uma relação de outra maneira, mas hoje estou feliz assim."
E quanto ao perfil físico?
"Não tenho muita exigência física. Já me peguei apaixonado por mulheres que o senso geral acharia não tão encantadoras. Gosto muito do intelecto da mulher, gosto muito de mulher inteligente, bem informada e que saiba conversar."
Você costuma sair muito?
"Sou muito caseiro. Moro sozinho há três anos, desde os 22. Antes eu dividia um apartamento com dois amigos. Mas, desde o início do ano, moro sozinho, sem dividir. Então comecei a mobiliar minha casa agora com sofá, mesa, televisão... Aí você fica mais apegado ao lar. Mas gosto muito de sair com os amigos. Vou a bares, à praia, viajo... Gosto muito de estar com meus amigos, dou muito valor a eles."